17.10.01

Soneto-salmo da última crença

Se puderes, Senhor, dar-me um ouvido,
Aceita este convite que promovo:
Faze de mim agora um homem novo
E purifica o barro já falido.

Que hoje sou dor, pecado repetido,
Vergonha e mágoa andando em meio ao povo.
Sei que sozinho as culpas não removo,
Por isso peço ajuda, encarecido.

Se eu não puder recomeçar do zero,
Me arranca os pés, os braços, a esperança,
Põe-me num coma e apaga-me a consciência.

Direi a tudo “amém”, pois o que quero
É ser à tua imagem semelhança,
Mesmo que signifique inexistência.

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