18.11.11

Lula, o 'new look' e outros sintomas
[Destak, 18.nov]

Quando escolhemos dar na capa do Destak a foto de Lula despojado de barba e cabelo, as redes sociais já comentavam avidamente a cara nova do ex-presidente, que enfrenta um tumor na laringe. O registro mostra uma cena de família, passa otimismo e mensagens positivas - tanto para quem nutre simpatia pelo político quanto para quem tem de enfrentar um problema semelhante.

Sempre há, porém, ressalvas a respeito de como tratar a foto, que foi divulgada pelo instituto do ex-presidente. Há quem veja por trás da placidez e do bom humor familiar que a foto transpira a intenção de criar uma aura santificada em torno de Lula. Algo que viria a funcionar como bem-vinda blindagem, por assim dizer, nestes dias em que os ministros que lhe pertenciam caem, um a um, no governo Dilma.

Entre os extremos de quem vê uma perniciosa "vontade de hagiografia" de um político ávido pelo poder e de quem saúda a coragem de quem seria "o maior brasileiro de todos os tempos", ainda creio ser possível ver um homem otimista diante de mal tão traiçoeiro.

Como se sabe, muito do sucesso de Lula como político se deu em torno do culto à sua personalidade. Desde os primórdios do PT, a ideia de um líder operário que puxasse melhorias sociais e conscientizasse as massas pareceu encantadora aos seus fundadores, sejam os ideólogos ateus, sejam os padres de esquerda. Lula sempre foi um "messias" interessante, resumindo em si mesmo um conjunto bastante difuso de aliados, ideias e propósitos. Sua oratória popular, além de sua habilidade em criar acordos, tornaram-no uma figura que desperta paixões a favor e contra - talvez hoje os hemisférios mais sintomaticamente hipersensíveis da política nacional. A relevância de Lula para a história recente justifica que a surpreendente retirada de sua barba, famosa há mais de 30 anos, ganhe as capas de boa parte da imprensa.

Se Lula vai capitalizar esse momento para eleições futuras, não podemos dizer. Pessoalmente, desejo que supere tanto a doença quanto possíveis tentações futuras de usar um novo drama pessoal. Dilma deu um belo exemplo ao não fazer alarde sobre o tumor linfático que contornou antes das eleições de 2010. Que Lula possa imitá-la na saúde e na nobreza.

11.11.11

Uma oportuna reapresentação

[Destak, 11.nov]


Ocupo este espaço impresso às sextas desde setembro de 2009, como muitos dos habituais leitores do Destak em São Paulo, Rio, Brasília e, mais recentemente, Campinas já sabem. Mas ao exercê-lo hoje pela primeira vez como diretor editorial desta Redação, senti a obrigação de me reapresentar aos que nos prestigiam.


É sempre bom revalidar certos compromissos de tempos em tempos, principalmente quando algumas etapas se concluem e outros desafios se avizinham. Reapresentar-me, portanto, não será mais importante do que recordar os valores editoriais que guiam este jornal por todas as praças que ele percorre a cada dia útil, desde a sua criação. 


Em 6 de julho de 2006 - dia da primeira edição do Destak, distribuída somente na cidade de São Paulo - Fábio Santos, meu antecessor neste cargo, escreveu: "O Destak nasce com a missão de atender a um público exigente e sem tempo a perder, que busca informação concisa, mas completa. Em suas páginas, estarão as principais notícias do dia, apresentadas de modo claro e objetivo". 


A principal riqueza que se pode ter é o tempo. O seu é precioso, mesmo quando está no trânsito, no metrô ou na pausa para o café. Se nesses breves momentos nós conseguirmos cumprir nossa missão - informar com qualidade - é provável que você possa aproveitar suas horas da noite ou do dia, da folga ou do trabalho, de maneira ainda melhor. 


Por mais que os tempos mudem e ganhem maior velocidade, entendemos que nossa missão não muda, porque a informação é outra riqueza indispensável. O jornalismo se presta ao serviço de ajudar na compreensão do que se passa no tempo presente, porque todos temos futuros a construir. Bem informados, pavimentamos melhor esse caminho. 


Resta-me salientar que as posições do jornal continuam como sempre: apartidárias, independentes de quaisquer poderes políticos e econômicos, observantes dos melhores padrões éticos e técnicos do jornalismo, respeitadoras da lei em vigor e defensoras dos princípios que regem a democracia. Assim como em 6 de julho de 2006, relembramos em 11 de novembro de 2011 que esperamos contribuir para um país melhor e para o engrandecimento de nossos leitores.


E sim, contaremos sempre com vocês, leitores, para saber como oferecer este serviço da melhor forma. Obrigado.