26.7.12

'Batman', massacre e 'doença cultural'



O massacre ocorrido no Estado americano do Colorado durante a estreia do filme “Batman” é um prato cheio para o diagnóstico barato de “doenças da sociedade”. Procuramos culpados, queremos porquês e temos lá nossas convicções a respeito da violência e de suas origens na sociedade.

Impressiona-me, porém, que tanta gente ainda caia nessa história de que a violência de uma peça de ficção – as histórias de Batman, ou as cenas habituais do cinema americano de ação  – seja a grande culpada pelos atos de James Holmes, que matou 12 pessoas.

Milhões de pessoas em todo o mundo são expostas à violência de ficção. Nem por isso temos tantos atos espontâneos de assassinato em série. A violência em filmes e videogames é mais segura do que viajar de avião.

Justificar atos como esse por uma suposta influência da ficção na percepção de mundo de uma pessoa adulta é uma redução grosseira. É minimizar a responsabilidade que um indivíduo tem pelos seus atos. Nem mesmo o pior problema que esse caso expõe – a facilidade para comprar armas dentro das leis americanas – pode mitigar o fato de que James Holmes é um atirador sem a menor consideração pela vida humana.

O escritor indo-britânico Salman Rushdie comentou em seu Twitter o trecho da Constituição americana que versa sobre o uso de armas. Para ele, os EUA preferem se ater ao trecho que diz “o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido”, enquanto se esquece de que a 2ª Emenda cita como causa para isso a necessidade da existência de uma “milícia bem organizada”. Em outro comentário na internet, a jornalista Tatiana Lima afirmou com propriedade que Holmes conseguiu comprar 6 mil balas sem levantar suspeitas nos EUA e que “se tivesse baixado música, talvez fosse investigado” –  verdade que expõe a inversão de prioridades guiada por lobistas no Congresso americano.

O fato de se autointitular “o Coringa” é parte de sua fantasia torpe, e não um sintoma de que a produção cultural – americana ou não – é doentia. Doente é ele e quem faz vista grossa para o que é perfeitamente rastreável.

3 comentários:

edufrota disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pai disse...

Somos todos doentes. Há uma doença presente na indústria do entretenimento; só que não é exclusiva dela, nem foi criada por ela.

Anônimo disse...

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en dos horas y desaparece en unas ocho horas.
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