22.9.01

Soneto de Nova Iorque
sobre o 11 de setembro de 2001

Morreram cinco mil nesta semana,
Vitimados no ataque terrorista
Que destruiu, preciso e especialista,
O orgulho da nação americana.

A meio pau, essa bandeira emana
A dor de um povo que baixou a crista
Ao se reconhecer na torpe lista
Dos mortos da desgovernança humana.

Que aqueles cinco mil nova-iorquinos
Não sejam mais nem menos lamentados
Que as perdas de judeus, de palestinos,

De povos igualmente massacrados,
Cujos filhos nem foram sepultados,
Em honra a quem não dobrarão os sinos.

Soneto da raiva de ser poeta

As palavras pra mim são um brinquedo
Desde o tempo em que eu tinha já nove anos.
Meu desenhar não inspirava enganos,
E nos esportes não entrei tão cedo.

Da poesia, porém, não tive medo.
Ela se tornou parte dos meus planos
Tão natural que nem me causa danos
Que a crítica me julgue um arremedo.

Tu sabes quanto gosto do que faço.
Só que não sabes que eu daria um braço
Pra que, a cada bilhete meu que lesses,

Pudesses te dar conta do que falo,
E que ao final, em vez de elogiá-lo,
Que simplesmente tu me compreendesses...

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