7.6.12

Londres, Rio e o caos olímpico


Londres tem um antigo mas ainda incrível sistema de transporte público de massa. Incrível, pelo menos, aos olhos de brasileiros metropolitanos que sonham com um direito de ir e vir que não seja acompanhado de um dever de sofrer quando for exercido.

(Para os 7,8 milhões de habitantes da Grande Londres e sua definição de civilização, porém, suas linhas de metrô e ônibus estão à beira da indignidade nas horas de rush.)

Sabia-se desde 2011 que, para receber os Jogos Olímpicos em julho, um terço dos habitantes da capital deveria deixar a cidade, para evitar o caos. Por isso, as autoridades estimularam que as pessoas tirassem férias e alugassem suas casas para receber 5,3 milhões de visitantes. Há estações e regiões da cidade que precisaram ser esquecidas por 60% dos seus usuários tradicionais, a fim de evitar o desastre.

Com 402 km, o metrô de Londres é o segundo maior do mundo em sua extensão dividida por 270 estações. Só Xangai o supera.

O Rio, sede da Olimpíada seguinte, tem atualmente 46,2 km divididos por 45 estações, e uma população de 6,3 milhões. Ganhará, com sorte, mais algumas até 2016. A expectativa de turistas na cidade, de fato, é bem menor, uma vez que a oferta de voos do mundo desenvolvido para a cidade é menor que Londres, assim como a tradição carioca enquanto destino turístico. Ainda assim, o Rio recebe 1,1 milhão de turistas – internos e externos – num evento como o Carnaval.

A diferença é que, por ser feriado, a cidade para nos quatro dias de Carnaval e muitos cariocas buscam refúgios em outro lugar, enquanto muita gente continuará a trabalhar nos 15 dias de duração da Olimpíada.

A Copa é menos preocupante em suas cidades-sedes, porque já há dispositivos para decretar feriados nos dias de Jogos. Mas a Olimpíada, que é contínua, deixará extremamente claro o nó cego que o descaso deu no trânsito da cidade, auxiliado pelas condições que facilitam o aumento da frota de automóveis – segundo os números do Detran, há um carro a cada 2,5 habitantes, e esse número crescerá até lá.

Servidores públicos decerto aproveitarão pontos facultativos ao longo da Olimpíada – o que vai acontecer nos três dias da Rio+20. O resto da população, pelo visto, vai ter que aturar.

Um comentário:

Ogro disse...

O piro é saber que recebemos os Jogos Panamericanos aqui no Rio como se fosse uma e´pécie de ensaio pros Jogos Olímpicos. Do Panamericano não ficou nada, só o Engenhão e o elefante branco no meio do Cebolão na Barra.