1.3.12

Aos evangélicos eleitores em 2012

A nossa política é apartidária. Significa dizer que os partidos não interessam como blocos ideológicos, comprometidos com orientações políticias coerentes. Eles negociam entre si as melhores oportunidades de se sustentar dentro dos projetos de poder em voga.

Se isso não tinha ficado claro com o PT de Fernando Haddad e o PSDB de José Serra disputando a mão do PSD de Kassab  – que já mostra toda uma vocação de “legenda para simbioses”, já consagrada pelo PMDB –, eis que Dilma nos apresenta o senador Marcelo Crivella, do PRB, como novo ministro da Pesca e Aquicultura. A intenção não é melhorar o setor pesqueiro, mas atrair o voto evangélico, principalmente para a eleição em São Paulo.

Segundo o censo do IBGE, 20% da população brasileira é evangélica. Talvez seja o bloco mais uníssono nas urnas: dependendo de como se manifeste em relação a temas delicados (por exemplo, aborto e direitos dos homossexuais), o candidato é ou não aprovado em massa.

É de se perguntar se o evangélico não repara que é usado para o fisiologismo de seus “representantes”, como o licenciado bispo Crivella. Ou se não percebe que certas questões são levantadas só porque são pontos-chaves da fé, ainda que não tenham relação com a eleição em si.

Dou exemplo: nesta semana, o ex-ministro Fernando Haddad, pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, foi questionado sobre sua posição sobre o aborto e se disse contra. A verdade é que pouco interessa a opinião do candidato sobre esse tópico, porque um prefeito não tem como legalizar o aborto em sua própria cidade. Isso só se faz nacionalmente. Neste ano, interessam ideias sobre outros temas:

Se o transporte público da casa ao trabalho é confortável, rápido e barato. Se seu bairro é iluminado e limpo. Se a varrição e a coleta de lixo funcionam bem. Se o trânsito é pensado de forma a ter menos engarrafamentos. Se há planos para evitar enchentes, com limpeza de esgotos e rios. Se o mobiliário urbano de praças e parques está bem cuidado. Se o ensino municipal avançou. Se os hospitais municipais melhoraram; numa emergência, até conveniados dependem do atendimento deles.

Olhe em volta, leitor, e não caia de boa fé em armadilhas. Em 2012, você vota por onde anda.

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