Soneto do Imbecil
Ao que me mira com desprezo morno,
Devolvo uma elegante baixa-estima;
Permito-lhe que me olhe desde cima
E cá embaixo, não dou ódio em retorno.
Não me interesso em arrumar esgrima
Com quem enxerga em mim tolo contorno.
Que julgue-me imprestável, débil, corno,
Tudo que fere o brio e desanima,
Pois não vou convencê-lo do contrário.
Deixo meu imbecil pra que o alcance,
Enquanto meu fulgor segue crescente,
Sem dar mais faces, que eu não sou otário
Pra conceder a todos sempre a chance
De conhecer quem sou inteiramente.
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