20.12.01

Soneto de uma estranha vocação

Nasci pra ser herói, virei palhaço.
À medida que fui ganhando idades,
Dentre todas as possibilidades
Aperfeiçoei-me na arte do fracasso.

Eu tinha esse talento do erro crasso,
De equívocos, enganos, leviandades.
Tentei voltar, mas vis fatalidades
Torceriam o acerto do meu passo.

Assim eu, por instinto, fiz a vida;
Com chutes que acertavam sempre as traves,
Cessando de escrever belos romances,

Por conta da virtude incompreendida
Manifesta de formas tão suaves:
Saber desperdiçar as grandes chances.

Nenhum comentário: