D’ALÉM-MÁRVIO*
PROSPERIDADE BRASUCA EM TESTE
Enquanto o Rio esquenta os tamborins, ávidos por mais um Carnaval, São Paulo debate a truculência de uma ação da polícia militar em áreas do centro infestadas há uma década por viciados em crack. Em breve, porém, saberemos o quão hospitaleira a atual sexta economia do mundo pretende ser com estrangeiros.
De um lado, a necessidade de tocar obras estruturais (muitas visando à Copa-2014 e à Olimpíada-2016) confronta o déficit de profissionais locais adequados. Do outro, um país que virou sonho de porto seguro no mundo, o que atrai - legal ou ilegalmente – europeus, vizinhos e, mais recentemente, oriundos do calamitoso Haiti.
No ano passado, foram concedidos 51,3 mil vistos de trabalho a estrangeiros. Segundo o jornal “O Globo”, um aumento de 32% em relação a 2010 - e ainda haveria 400 mil profissionais dispostos a vir tentar a vida. Acrescente-se os brasileiros que voltam do exterior, graças ao cenário mais favorável, e surgem dúvidas se a relativa prosperidade brasuca segura essa peteca.
Dilma Rousseff pretende facilitar a entrada de mão-de-obra, hoje prejudicada pela burocracia kafkiana. Mas a detecção de 3 mil haitianos ilegais e tráfico humano na região Norte ligou um alerta, e o governo já fala americanamente em restrição de vistos para aquele país.
Como claramente há trabalho (sobretudo na construção civil e nas engenharias) e a taxa nacional de desemprego ronda os 5%, nada favorece uma xenofobia de molde europeu. Por ora, o mais perto de uma reclamação das ruas contra as hordas de estrangeiros ocorre no Rio, em razão da disparada de preços de imóveis e serviços trazida pelo interesse internacional que lota a cidade.
Mas, como até os visitantes se queixam de que tudo é caro, essa dureza mais nos une que separa.
*nome da coluna publicada sempre às quartas-feiras, a partir de hoje, no Destak de Portugal
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