Soneto de uma estranha vocação
Nasci pra ser herói, virei palhaço.
À medida que fui ganhando idades,
Dentre todas as possibilidades
Aperfeiçoei-me na arte do fracasso.
Eu tinha esse talento do erro crasso,
De equívocos, enganos, leviandades.
Tentei voltar, mas vis fatalidades
Torceriam o acerto do meu passo.
Assim eu, por instinto, fiz a vida;
Com chutes que acertavam sempre as traves,
Cessando de escrever belos romances,
Por conta da virtude incompreendida
Manifesta de formas tão suaves:
Saber desperdiçar as grandes chances.
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